Foi com grande surpresa e admiração que recebi de uma pessoa pela qual eu tenho um grande apreço tecnológico a narrativa pelas quais eu tenho pena das criaturas matemágicas, desses profissionais inoxidavelmente brilhantes e aboboristicamente  dotados as suas próprias cabeças das idéias papagaisticas e esqueléticas,  probabilisticas  e devaneisticas das ciências. Seus cérebros sugados pelas ondas luminosas de um terminal de tubo doze horas por dia. Some-se a isso problemática da resolucionática inversa na qual diverte-se ante-propi-benzi-mól. Cabrabóxicitamente falando o português claro, o português do tosco carnemoidicamente alimentado; gelatinicamente refeicionável; panificativica e manteiguisticamente com a requeichesa da queijo-lanchistica da tarde. Gargantilisticamente insondável desejo, meu sincero apoio tecnológico apesar de viver no limiar da dignistica, nesga da lamistica, humana – assim como formigavelmente levadores de gravetos matemágicos, estrogonoficamente sensíveis da problemática da camada de ozônio acima, da responblemática social emaranhada da primavera embaixo, nessa nova década da anuística de dois mil e dez. Reitero o meu amplexo borrachistica e balonitiscamente extensível, cafeinisticamente caloroso, meu estrambólico respeito matemático, minha rapidez computabilissima, o meu abraço mecânico, o meu aperto de mão burocrático, o meu acenar de mãos distante. Nada tenho contra, muito menisticamente a acertabilistica: tô-fora!

Da gentileza

setembro 25, 2010

 Um poema de garfo e faca para sorver de colher

 

cada pessoa tem uma cabeça

n_o_d___a_a_t_r_d_a_

_ã___á_p_r___e___u_s

                       

eu não sei fazer vodu

o que eu quero

usar e abusar da alegria  

devagar, de mansinho

bem dentro do amor

 

 afinal:

cada pessoa tem uma cabeça

não dá para ter duas

 

Foi com grande surpresa e admiração que recebi inusitada encomenda. Aquele  exemplar de “Correspondências” trazia inscrita a dedicatória de próprio punho do autor, Péricles Prade, datada do dia em que meu pai comemorava seu natalício. 

O livro “Correspondências: narrativas mínimas” contém 22 contos de realismo fantástico mais o posfácio de Álvaro Cardoso Gomes – intitulado “A lógica do delírio” – ao longo de exatas 96 páginas. A insólita e sugestiva ilustração da capa, concebida por João Colagem, é também digna de menção, [1].

Cada um desses contos encerra em si a semente do transporte para os planos subjetivos do poético, do simbólico, do onírico; chave para profundo (auto-)conhecimento. A experiência de leitura de verdadeira obra-prima é aquela da descoberta. Senti-me como antigo homem das cavernas, a colher faíscas ígneas em gravetos, a partir de energia vasta e efêmera, desprendida dum relâmpago súbito. É assim: através dessa imagem pictográfica a melhor síntese quanto ao conteúdo do livro.

O objetivo desse texto – misto de resenha e composição livre, a partir de excertos de “Correspondências”, [1], e de uma entrevista concedida pelo autor no ano 2005, [2] – consiste em estimular o leitor a repetir essa aventura: verdadeiro mergulho no universo de literatura concisa, inteligente, imaginativa, moderna e, sobretudo, brasileira.

* * *

Péricles Prade é escritor – poeta, contista, historiador, crítico literário e de artes plásticas –, advogado e professor universitário. Nascido em 7 de maio de 1942 na cidade de Rio dos Cedros, quando esta ainda pertencia ao município de Timbó, SC.

“Lembro-me, apenas, que sentia (como ainda sinto) uma irreprimível necessidade de escrever, na realidade reveladora de vocação literária”. “Conquanto não tenha iniciado por direta influência literária, esta existiu e existe no curso de minhas produções. Harold Bloom que o diga. Daí que, na poesia, registro Blake, Lautréamont, Rimbaud, Mallarmé e Eliot. Quanto à ficção, Nerval, Hawthorn, Kafka e Jarry. E envolvendo esses gêneros, como pano de fundo, o ocultismo e a mitologia”.

“Percebe-se que o papel da poesia, no fundo, continua o mesmo, quer o mundo, ou não, viva grandes conflitos de expressão universal, coisificando o homem: ou seja, o da revelação da essência do cosmos individual e coletivo pela fé nessa arte”. “A poesia é entranhado reflexo da vida”. “E a natureza, já dizia Heráclito, ama ocultar-se”.

“A obscuridade e o hermetismo somente prestam obséquio àqueles que não se esforçam para descobrir a lava incandescente sob esses vulcões representativos de uma poética de exceção em busca constante de epifanias”. “Exigem preparo intelectual, sim, por serem fruto de poesia para iniciados, conquanto desnecessária seja a erudição especializada, correspondendo a um projeto poético-existencial”. “Não há dúvida: o poder do símbolo ainda nos acompanha. Ocorre que o símbolo é apenas um dos elementos da mitologia e dos mitos, sendo os arquétipos, a teor do perfil junguiano, as idéias em comum com estes”.

“A ficção por mim criada é vinculada à denominada narrativa fantástica. Para os que não sabem, o fantástico, segundo Todorov, é a hesitação experimentada por um ser que, conhecendo tão-somente as leis naturais, encontra-se diante de um acontecimento tido como aparentemente sobrenatural. Daí durar o tempo de uma hesitação”. “De outra parte, alinho-me ao uso do staccato caracterizador da medida econômica e autônoma de muitos versos, quando a miniatura se instala, mas contendo o macrocosmo representativo de uma cosmogonia singular, isto é, sem comprometer a originalidade. É nesse espectro que se catapulta minha imaginação”.

“Considero-me um homem realmente feliz”. “Meu maior prazer estético, para manter a felicidade, é escrever, ler e ouvir música, principalmente Bach e Vivaldi”.

* * *

JUNTO AO CORAÇÃO. “Pus os olhos nos da criatura, mais de uma vez, certo de que, postada à minha frente, não era deste mundo”. “Não se mexeu. Criei coragem, e fui quase correndo a seu encontro, movimentando os braços como se fossem hélices”.

VENDEDORAS DE VENTOS. “Digo sem receio: supunha que minha cunhada fosse, no mundo, a única vendedora de ventos, estocados em desordem num saco fechado com a corda de três nós”. “Dependendo do interesse dos compradores, bastava abrir determinado nó, com redobrado cuidado, para dele sair vento fraco (espécie de brisa doce), vento forte (violento, às vezes) ou tempestade de várias intensidades”.

PAISAGENS. “Elói recolheu a garrafa expulsa pelo mar. Aquela que lhe bateu nos pés, como se quisesse dizer algo”. “O irmão caçula, Jeremias, quando acordou, na manhã seguinte, ao olhar a garrafa ficou encantado com a sua forma oval”.

SONHOS. “Embaixo da cama, perto de onde deixei as botas de feltro, os lampiões de folha de flandres, os rótulos das garrafas, a bengala com volta na ponta e o colete de veludo, ouvimos o contínuo rumor de baratas, mas ficamos calados, na expectativa de que um de nós falasse alguma coisa”.

RABOS DE TIGRE. “Um tigre branco não me agrada. Prefiro a cor tradicional, sem retoques. Mas ele está ali, olhando para mim, cheio de vontades”.

NOVOS RELATOS DE LUIGI POMERANOS. “Nem todo cão se espanta com a cor que no mar flutua à espera dos heróis ainda encarcerados”. “Não late. Com fervor, estende a pata esquerda sobre o melancólico rosto da paisagem móvel”.

PASSAROMORFOSE. “O ornitólogo desceu a ladeira com habilidade, aos pulos, concentrando-se no que iria fazer no Laboratório da Universidade”. “Ao pular, passou-lhe pela mente, no instante do terceiro salto, a idéia que vinha se repetindo nos últimos anos: se fosse pássaro, não precisaria agir assim. Bastaria bater as asas, voar e chegar ao destino, rapidamente, sem necessidade de, sonolento, levantar-se da cama tão cedo”. Entretanto, seu desejo era o de ser um daqueles que os homens, fruto de milenar experiência, reconhecem como bons. A relação é grande, mas na realidade somente três foram convocados pela sua imaginação, compreendendo o simorgh, o rouxinol e a andorinha”. “O persa simorgh porque, além de curandeiro-confidente, possui a linguagem humana e conserva o hábito de transportar heróis a longas distâncias”.

HIPNOTIZADOR. “Sempre tive verdadeiro fascínio por relógios antigos. Sei tudo sobre eles, desde a origem. A partir do dia que não me recordo, passei a colecioná-los. Quando não mais cabiam em casa, resolvi abrir o antiquário, sediando-o na Rua dos Alquimistas 2491, após registrá-los, com minúcias técnicas, na caderneta presenteada pelo Comendador Carmine Baggio”.

ENTRE SOLUÇOS. “Desapareceu, em seguida, diante da platéia ainda perplexa”. “De nada adiantaram os aplausos e a exigência do retorno ao palco”. “Aquela era uma noite diferente das anteriores, pois ele já havia dito, na sessão retrasada, entre soluços, que desistira em definitivo da profissão”. “Seu pai, senhor de respeitáveis costeletas, orgulhava-se do magnífico sucesso do filho adotivo”.

VOCAÇÃO. “Meu pai, quando pela primeira vez, manifestei o desejo de ser adestrador de porcos, influenciado por um amigo, com desprezo e o dedo em riste disse que eu estava delirando”. “No início, fui auxiliar de geólogo, que com varinha de condão, localizava, sob encomenda, água pura nas profundezas da terra”.

Referências:

[1] Prade, Péricles; “Correspondências: narrativas mínimas”; 96p; ISBN 978-85-7195-151-8; Editora Movimento; Porto Alegre; (2009)

[2] Vasques, Marco; “Fantástico e estranho mundo de Péricles Prade (entrevista)”; Agulha – Revista de Cultura; 43; Fortaleza, São Paulo; (2005)

 http://www.revista.agulha.nom.br/ag43prade.htm 

Da calvície feliz

setembro 15, 2010

nesse truque de mágica que é a vida

coelhos saltam da cartola

gentilmente

por que é então que você seria

irredutível

em suas convicções?

eles fluem brancos

plácidos, calmos, saltitantes

de felicidade por terem sido os escolhidos

para o espetáculo

da transubstanciação

para eles

– os coelhos –

tiro meu chapéu

É sabido que a noite de Lua nova é escura como o breu. Mesmo naquelas cercanias habitadas pelo verde pungente dos desvarios hostis; nessas noites que se fundem a serra em estrelas gordas a espalharem-se ao acaso pelo céu.

Jorge ascendeu ao cume pela via tradicional trazendo consigo o fumo de rolo – diversão certa dos matutos habitantes das fazendas e sítios.

Antonio subiu o monte na hora acordada, trazendo uma resma de folhas de palha para a elaboração do cigarro caipira.

Diogo estava lá sentado; em pose essencialmente tosca; aguardava. Nada levou, além de seu corpo simplório e a determinação nauseante do por vir.

Jacinto, o último a apresentar-se dentre os quatro homens, trouxe num dos bolsos de suas vestes uma caixa com palitos daqueles de fósforo: auto-incandescentes pelo atrito de suas pontas.

Quando a bagana queimou firme, a bruma ergueu-se densa. Sobrepôs-se de forma inquebrantável ante o verde sufocante. Surgiu – como que miragem onírica – as formas fluídicas da sacerdotisa que dançava em suas vestes frouxas, alvas e deliciosamente translúcidas. Juliana em seus cabelos longos. Seios fartos e saudáveis de mulher madura. Pernas roliças, esculpidas em força e lisura inebriantes. Bunda que assuntava os céus. As estrelas num frêmito: tensão que dominava rígido o tesão dos homens simples e puros de suma ignorância quanto à natureza daquelas delícias.

Sacerdotisa Juliana iniciou a preleção afirmando que a compreensão de natureza sutil, da qual versava a disciplina, requeria a capacidade de distanciamento da aritmética tradicional, por se tratar de conhecimento antigo e intuitivo. Disse também que a totalidade destes ensinamentos, bem como a sua mais profunda significação, estava além da capacidade humana de cognição. Disso decorria a necessidade da atenção redobrada por parte dos gentios na aprendizagem da geometria dos símbolos. “No grau em que Vocês se encontram parte do que será dito deve ser compreendido logicamente, enquanto o complementar da lição, apenas em sentido figurado. Entretanto, dependendo do tópico, a razão será mais ou menos requerida, enquanto exigir-se-á menos ou mais da subjetividade. Porém, e apesar da variabilidade sensorial, o nível de conteúdo dos tópicos é aproximadamente o mesmo – e assim deve ser entendido – visto tratar-se das sete formas de desdobramento do universo, que em sua essência, é sempre o mesmo.”

(a) A primeira figura é o círculo completo. Este é o símbolo do ponto indivisível, que representa o espaço infinito, onde habita o movimento incessante. O espaço pode ser diminuído, estricto – o que se dá pela redução do diâmetro da circunferência –, mas nunca dividido. Ao mesmo tempo, o círculo é infinito, o espaço que tudo contém, com seu diâmetro livre para crescer indefinidamente. A primeira forma é a desse movimento incessante, de expansão e de constrição, do ponto uno. Imanente a pulsar – o que é representado metaforicamente pelos círculos de menor e de maior diâmetro, desenhados em complemento ao símbolo original, característica dessa geometria.

(b) O segundo símbolo é aquele derivado do anterior: o círculo com um ponto central. Essa geometria representa o espaço infinito, com seu movimento incessante e a semente. A semente é o ovo primordial, que existe apenas em potência. Isto é, o ovo reside no universo das possibilidades, encontrando-se além do alcance, da compreensão do homem. Sobre a figura, o que pode ser dito é que toda semente assim é nalguma instância – e de alguma forma – para depois deixar de ser isto.

(c) Decorre então o círculo com um traço longitudinal partindo-o ao meio, que é a forma geométrica de terceira espécie. Seu simbolismo é aquele dos opostos: o claro e o escuro, o yin e o yang, a Lua e o Sol, dentre tantas outras dicotomias. Pode-se dizer que toda a experiência sensorial humana decorre de uma imensa colcha de retalhos dessa miríade de zeros e uns; destas partições binárias ponderadas num contexto específico da mente; isso caracteriza Maya ou aquilo que (erroneamente) chamamos de realidade – o que é e o que não é: a ilusão. Apesar da capacidade de abstração dessa idéia, ou conceito, até os símbolos de terceira instância não dá-se a vida, ao menos na forma como lha compreendemos no estágio atual. O importante no tocante a essa geometria em particular é termos em mente que da luz decorre a escuridão, que das trevas resulta a luz: é eterna a dinâmica do universo, por vezes simbolizada pela serpente (réptil peçonhento) ou dragão (criatura mitológica) a devorar seu próprio rabo, i.e. ourobouros.

(d) O círculo com uma divisão longitudinal ao longo do diâmetro, acrescido de uma partição vertical de sua extremidade inferior até o centro da figura. Ou, simplesmente, o Tal. Esse símbolo da geometria de quarta espécie traz intrínseca a representação da trindade – eu, tu, ele. Caracterizam as formas mais simples de vida na Terra, os organismos unicelulares, e outros, cuja reprodução dá-se de forma assexuada, pelo mecanismo de bi-partição. Está também associada ao simbolismo de quarta espécie a noção dos fenômenos físicos; do vínculo estabelecido entre observador, objeto e o espaço-tempo. De fato, a geometria de quarta espécie é o pano de fundo de Maya. 

(e) A cruz que divide o círculo em quatro partes iguais ao longo do seu diâmetro em direções ortogonais. Este é um símbolo fálico. Decorre daí a associação com as criaturas mais evoluídas de nosso planeta, cuja reprodução é sexuada. É fundamental o entendimento de que as formas simbólicas de quinta instância trazem em seu centro o germe da transfiguração (quinta-essência). De fato, toda a geometria apresenta – em verdade – o movimento, potência ou tendência natural evolutiva. O que se pretende enfatizar aqui, no que diz respeito especificamente às formas quíntuplas, reside no ponto central, à conexão da cruz: as relações estabelecidas entre o pai, a mãe e o filho levam, por indução, a todos os conceitos associados à transcendência: a interdependência, a continuidade da criatura, a ligação subjetiva do ser com o outro, o inconsciente coletivo, enfim – e no limite – todos somos um só.

(f) A geometria do símbolo hexagonal, apesar de sua grafia plana – o círculo com três partições ao longo do diâmetro – deve ser entendido como uma esfera bipartida em dois planos ortogonais. É observado que resulta da transcendência da quinta para a sexta instâncias a nova (terceira) dimensão do espaço simbólico. Esse nível de compreensão do universo transcende a percepção do humano. O nível quarto – também chamado de grau médio – é aquele onde a complexidade em Maya atinge o seu ápice, para a posterior depuração em estruturas organizacionais menos densas, em níveis subseqüentes que  levam a sublimação. Toda a idéia já está sintetizada na geometria de primeira instância: o movimento incessante, de expansão e de constrição, imanente a pulsar.

(g) Como já foi dito, o universo desdobra-se em sete instâncias. O símbolo da geometria de sétima espécie deriva da anterior (como todas as demais): a esfera bi-partida em dois planos ortogonais, com um hexágono demarcado num plano (representando as seis diferenciações anteriores) mais o salto para fora (ou o ponto de fuga na extremidade superior do plano ortogonal). Resulta daí a forma elementar de sete lados. Observa-se que os lados internos do hexágono apresentam todos os seus ângulos internos de sessenta graus, enquanto os ângulos internos entre as faces opostas triangulares descrevem, todos, noventa graus. Os lados hexagonais têm comprimento igual à metade do diâmetro da esfera; enquanto os outros lados, cujo ponto de fuga é uma de suas extremidades, apresentam sempre o mesmo comprimento de raiz de dois sobre duas vezes o diâmetro. A geometria de sétima instância é de difícil abstração, mesmo para as criaturas que já abandonaram sua natureza predominantemente tosca. Mas é fácil provar que com oito figuras dessas monta-se uma nova esfera de diâmetro aumentado de raiz de duas vezes àquele original. Ou seja, a oitava forma geométrica é novamente o círculo perfeito, que é geometria elementar de primeira instância (e além): movimento incessante, de expansão e de constrição, o imanente a pulsar, infinitamente.

Jacinto risca um palito na caixa de fósforos e aproxima a chama dos contornos fluídicos de Juliana. O vestido da sacerdotisa se inflama e ela derrete-se; como o plástico quando vai ao fogo, condensa-se num múltiplo emaranhado, até o seu completo desvanecer. As brumas dissipam-se. Os quatro homens se encontram então novamente a sós, ao topo do silente e soturno monte.

 – Caralho! Por que você fez isso? Brada Diogo, em voz inconsolável.

 – Caralho é a porra: eu não estava entendendo picas do que ela dizia. Defende-se Jacinto, o bárbaro.

 – Mas você é burro, hein?! Deixasse-a falar; uma puta gostosa dessas não é toda noite que aparece. Opina Antonio, todo matuto de si.

 – Muito ainda terá de ser dito novamente. Nessa e noutras infinitas formas, tão saborosas quanto. E não restará pedra sobre pedra. É a fala do último dos gentios.