Lili For-ever*
junho 17, 2010
de nosso último trago
coçam-me os dedos e salivam-me na boca
resquícios esmaecidos de seus lábios
aliás, confesso que sempre gostei dessa sensação
se acaso alguém
de índole sincera
indagasse os motivos reais de tal contentamento
não estaria mentindo
pois era batuta
é verdade que sua gargalhada
ainda me enrubesce a face
creio ter sido aluno exemplar
tanto foi assim que
naquela mesma noite
os respiros de sexo pululavam pelas veias
mas, veja você como são as coisas,
nossa história quedará
perdida pelas vielas da memória
adormecida nas cinzas
seja como for
nos últimos tempos
creio que qualquer outro alucinógeno
lhe subtrairia a mesma reação
até agora me orgulha sua determinação
em contrariar o desengano
com a mesma desenvoltura de juventude
penso já ser hora de retribuir o favor
ao lado de Lili
*Todos os versos foram extraídos (são retalhos) do conto “Um último trago”, do livro “Pára-raios de Loucos”, de Borboleta, Editora Assis, 2009.
Lapso da consciência
junho 12, 2010
Reconheço o que escrevo demais. Sempre então, quando pego num pedaço de papel e caneta, saio. Se rascunho o quanto e na forma do que eu acho, encontro em minhas idéias o que realmente penso. Toda a vez que eu me confundo: sou humano.