SRI YANTRA

março 28, 2015

Sri_Yantra_Correct_Colors_Johari_1974         

Bindu mandou dizer:

Om!!

Espalhou nossos cacos

em quarenta e três pedaços

triângulos

facetas

personalidades das Divindades

que se organizaram em oito pétalas

da flor de Lótus.

E depois mais dezesseis pétalas dessas.

As circunferências em ondas concêntricas

a se expandirem

pelos quatro portais –

a matéria, o fluido, a consciência, o Espírito –

para comporem o Universo.

E enxergarmo-nos uns nos outros através dele:

Bindu na gente mesmo.

(Você vê?)

       

SRI YANTRA by Jorge Xerxes. Bindu sent the word: Om! And He spread our shards in forty-three pieces, triangles, facets, figures of Deities, which were organized into eight petals of the Lotus flower. And then into another sixteen petals of these. The circles in concentric waves expanding the four portals – matter, fluid, consciousness, Spirit – to compose the Universe. Just to We see ourselves in One another through it: Bindu in each One of us. Do You see?

valente_hulk_jorge_xerxes                

Gosto de observar os detalhes. Os gestos singelos e os seus desdobramentos, a teia sutil que liga os acontecimentos (ou serão coincidências? Apenas algumas parcas minhocas se contorcendo aleatóriamente na minha telha quente?).

           

Desde a semana passada, navegando pelo FB, como de costume, venho observando os ânimos exaltados, as pessoas em pé de guerra, umas contra as outras, todos irritadiços com os problemas desses nossos tempos (difíceis). E eu tenho tentado me preservar, não me meter em discussões que estão além da minha alçada, sentindo meu próprio fardo já pesado o suficiente.

                

Eis que eu me pego, então, observando a figura da linda personagem de um conto de fadas que minha amiga Isadora Trombeta Fagá – funcionária da EESC/USP e doida por literatura, pelos filmes, pela arte – postou e, sem me atentar para o que estava escrito junto à figura, com o dedo no mouse, como que num impulso, cliquei em “curtir”.

                   

As horas se passaram, eu já nem me lembrava disso, quando recebo da Isadora uma mensagem inbox:

                 

“Oi Xerxes, como vai?”

                  

“Aí vai o desafio, se quiser participar:”

                   

“O desafio se baseia em você colocar a foto de um personagem que vou te designar e escrever isso: Tenho a intenção de encher o Facebook de desenhos animados para interromper a saturação de imagens e vídeos negativos. Se eu receber um ‘curtir’ vou escolher um personagem para você.”

                        

“Escolhi o valente Hulk pra você postar!”

                      

E eu, que tenho andado um bocado pra baixo, um fujão, covarde, cá pelos meus próprios motivos, fiquei até entusiasmado, animado com o “valente Hulk”; e pensei com os meus botões, até que a ideia é boa! E segui adiante.

                      

Daí foi a vez do meu amigo Andre Albuquerque – médico e contista de responsa – cair na armadilha. Então eu enviei a tal mensagem inbox para ele:

                     

“blah, blah, blah, blah….”

                     

“Escolhi o veloz Papa Léguas pra você postar!!”

                       

E tive como resposta:

                      

“Kkkkkkkkkkkkkkkkk”

                              

Imagino o André pensando, esse cara é doido de pedra, uma corrente de desenhos animados, que porra é essa?!

                          

Uns dois dias se passaram. Só então eu percebi que estava completamente equivocado: vi o Papa Léguas do André passando veloz como um raio. E, na sequência, o seguinte post no meu mural:

                 

“Jorge Xerxes, dando continuidade No âmbito de uma CORRENTE POÉTICA a que me ligaram, deixo aqui um poema seu e passo-lhe a missão de continuá-la:”

                  

“- durante 4 dias divulgue um poema (por dia) e desafie um poeta (por dia) a dar continuidade a este sarau virtual.”

                     

Daí foi a minha vez de ficar de queixo caído! Como assim escolher quatro poemas dentre tantos e tão bons poemas? Como assim indicar quatro poetas dentre centenas deles?

                  

A verdade é que eu fiquei emputecido com o André. Pensei: agora o cara pegou pesado comigo! Fazer o fujão, o covardão aqui, se posicionar, escolhendo os seus quatro poemas prediletos?! Poxa, isso é sacanagem demais. Mas ele vai ver… não vou deixar barato… e decidi que eu iria levar o desafio às últimas consequências.

                   

O resultado vocês leem abaixo. Revendo as minhas escolhas, eu percebo como se tratam de poetas de carne e osso, com fraquezas, temores, vícios e virtudes; enfim, seres humanos. Você poderia topar com um deles por aí, no corredor, na fila do banco, sentado num banco da praça e sequer se dar conta disso.

                       

Mas acredite: Eles existem.

                         

Só o Amor a Vida Nos Une!!

                    

                   

<<<  Rastros da noite  >>>    Betusko

        

Caminhar sobre vozes pegajosas

tropeçar em horas lentas

esmorecer na sombra da preguiça

até soltar um sonífero bocejo

ante a crua espera da luz da lua

e aplacar o longo desejo

de ver trincar o céu

em milhões de estrelas

exuberantes, singelas

que descem em delírio

como regidas pelo vento

e lavam as cabeças,

escorrem alma adentro,

levam os pecados

e depois, tanquilas

evaporam-se sorrindo

em rastros helicoidais

madrugada adentro

abandonando o sereno

em suas gotas humildes

na triste tarefa de abafar

o sonho e a fantasia

no coração dos boêmios.

         

         

<<<  De joelhos  >>>    Theresa Russo

        

De joelhos.

No chão!

Tu mereces ser muito bem fodida.

Empurro-te as ancas a responder-me como égua de quatro no quarto em penumbra.

Nesse fim de tarde, as rochas estão se rachando em fendas duras.

A tua, como carne aguada, quente fissura de fêmea no cio geme por meu entrave.

Não tenho sequer dó de tua carne.

A bela bunda emoldura de raios de sol me convida a dançar o amor.

Teus cabelos negros, lisos e inertes me imploram para viver.

Puxo-te a crina com a mão esquerda e te penetro com meiguice impaciente.

Teu riso de sol me transporta e agora sou teu macho alado a planar em teu universo azul.

Vem juntar-se a mim nessa viagem infinda a buscar todo o prazer que contém os céus prometidos.

Grita, chora, geme, reclama, proclama que teu gozo é teu,

mas é meu teu gozo com gosto de amor nosso.

Vira-te.

Quero entrar nos teus olhos e te espreitar por dentro.

Não me contenta o gozo limitado de mim mesmo em tuas fendas de carne.

Quero também comer tua alma de mulher, de menina, de puta, de santa.

Escuta a ti.

Ouve teu gemido.

Há um coro de anjos no retorno de nós.

Quanto mais entro em ti, mais sou teu.

Quanto mais me devora a carne fluida da imaginação, mais sou teu e tua.

Não me contenta teu sofrimento de crina estendida a esticar o couro cabeludo e a mente ardendo da paixão.

Reteso a palma das minhas mãos com marcas de mim mesma.

Espanco-te as nádegas para te castigar por teres roubado minha vontade de nada ser.

Sei que teu gozo vem galopando de encontro ao meu.

Seguro algo em mim a te esperar meu doce amor.

Não estás como a menina dessa manhã de hoje a transparecer o medo de viver.

Estás como Deusa, como Maria Quitéria, como Bárbara de Alencar,

como Afrodite

em teu reino a reinar.

És tão linda que dói dentro de mim essa beleza de ti.

Estás tão deliciosa que passaria anos num deserto a jejuar para esperar a tua carne e devorar.

Teu corpo padece com as estocadas e a força da minha surra.

Goza meu amor.

Goza tudo.

Meu presente de amor para ti nessa tarde de nós dois…

         

         

<<<  Tarja Sulphorósa  >>>    Ricola de Paula

          

Quilômetros de sedimentos estão depositados

nos tubos de ensaio das redes sociais.

Sei que emburreço nesse carnaval de ofertas,

Esgotado saio antes do recuo da bateria.

           

Surra neles! Chicote de cainana

barba e cabelo, outra cilada

com pouca grana.

          

Sicário não deixo rastros na cripta

do seu desleixo.

São tiras de papel de embrulho.

Papiro, intrigo

Torpes pombos sacio.

          

Um bom exorcismo abrirá

Novos caminhos,

Água benta sanitária

dissolvendo as ladainhas.

           

Esquálido pensa palavras estranhas

Abafa o diálogo interno que estimula

O irromper, o desistir.

esquálido pensa palavras estranhas

Eucaliptos glóbulos angu de mescalitos

Sambaquis e linfa pasteurizada.

           

Segura na mão uma granada

Sentinelaaaaaaaaaaaaaaaaa.

A explosão dos significados.

O refil da bagaça neném

A cuca já vem pegar.

              

              

<<<  IMACULADA  >>>    Elza Fraga

              

Todos os orifícios

tomados

maculados

conformados

com a sorte

            

sabendo que o gozo

é rápido

           

como a morte

              

               

<<<  DÁ NISSO  >>    Elza Fraga

             

Correr atrás de você

a cada novo sumiço

até perder todo o viço

afinalar meus cambitos

nos becos mais movediços

forçando um compromisso

enquanto escorrego omisso.

            

Rezar na sua cartilha

ceder a sua ousadia

perder a cabeça fria

crendo até em profecia

e esperar todo o dia

que a vida por ironia

decida à revelia

trazer numa ventania

toda a sua rebeldia

pra esta cama macia

onde descanso a agonia

             

e atiço o meu feitiço

quietinha

sem rebuliço

só pra lhe ver submisso

            

Dá nisso!

              

              

ps: Eu acabei selecionando estes dois poemas da Elza Fraga por observar uma certa coerência, achá-los complementares. Para mim eles são um só (eu sou humano e também posso me equivocar).

Define-se a constante matemática PI como a razão do perímetro pelo diâmetro da circunferência.

O dia anual de celebração da constante matemática PI é 14 de Março. Este dia foi o escolhido porque no padrão inglês adota-se mês/dia para a data, sendo que 3/14 representa também os três primeiros dígitos do pi em formato decimal.

Neste ano, em especial, 3/14/15 às 9:26:53.58979… o número irracional PI será representado exatamente com todos os seus infinitos dígitos!!

Isso pode parecer totalmente irrelevante para a humanidade, mas há quem se importe com isso.

E em homenagem a estes poetas visionários dos números estou disponibilizando nesta data tão significativa o meu segundo livro, intitulado ‘Para Pescar a Lua’, na íntegra, em versão pdf, para o download gratuito.

c3l38r3 c0n05c0!!

f0r73 48r4c0, j0r93 x3rx35

 

Prince-of-pi

Larry Shaw, the founder of PI Day, at the Exploratorium in San Francisco

Para_Pescar_a_Lua_Jorge_Xerxes_Capa               Para_Pescar_a_Lua_Jorge_Xerxes_Livro